sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Desejos de Natal

Desejo que todas as crianças tenham um colo, uma família, um lar e uma escola.

Desejo igualdade, solidariedade, tolerância e esperança.

Desejo Paz.

Desejo que não exista Aleppo, nem Síria, nem Estado Islâmico, nem terrorismo...

Desejo a Venezuela de antigamente, uma África humanizada, um Portugal próspero.

Desejo tanto... mas vamos lá começar pelo mais simples, pela nossa rua...desejo ouvir um "bom dia", "boa tarde" e "boa noite".

Desejo mais "obrigados", mais amabilidade, mais amizade, mais compreensão, mais altruísmo.

Desejo união.

Desejo-vos um Feliz Natal, com o sapatinho recheado de amor, risos e abraços!

Foto AboutTime.pt (www.aboutTime.pt)



quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Postais de Natal, parte 2

Como os anteriores não chegaram para as encomendas, hoje fizemos mais postais. ficaram ainda mais bonitos. Adoro a rena!









segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Conto de Natal "Um dia"

Escrevi este conto quando tinha 17 anos, depois foi publicado no livro "Feliz Natal, Gondomar!", que 99,9% dos gondomarenses nunca ouviu falar! 😁
Deixo-vos aqui a transcrição do conto, para quem tiver paciência...


Trim… trim… trim… Acordo assustada com o despertador, levanto-me, ainda com uma certa dificuldade provocada pelo sono e em passos lentos e pesados dirijo-me para a janela. Observo um dia cinzento, frio, chuvoso. Contudo, apesar de ser ainda muito cedo, a rua está repleta de pessoas muito atarefadas, carregadas de sacos e embrulhos nas mãos e, ao contrário dos outros dias, não parecem estar incomodadas com o frio ou com a chuva. Todas elas transportam um agradável e leve sorriso nos lábios; é véspera de Natal. Foi então que abri a janela e ao sabor de um vento fresco, húmido e suave, comecei uma curta viajem no tempo recordando o Natal da minha infância.
Lembro-me da enorme árvore de Natal enfeitada com anjos, estrelas, luzes e bolas, do bebé que só era colocado no presépio no dia vinte e cinco, da lareira sempre acesa proporcionando um agradável calor, contrastando com o frio que vinha das ruas iluminadas, do cheirinho a pão-de-ló e a bolo-rei que saía das pastelarias e que enchia a barriga de quem passava perto delas, hummm… lembro-me de como acordava alegre e ansiosa por ajudar a minha avó a preparar as rabanadas, os bolinhos de abóbora, as filhoses, aletria, o leite-creme e de como me lambozava com uma deliciosa mousse de chocolate. Iam-se procurar as maiores panelas e travessas, a mesa era posta com a loiça de porcelana, os copos de cristal e decorada com a toalha mais bonita e um grande arranjo de azevinho e velas feito pela minha mãe. Depois, enquanto o dia ia morrendo e a noite nascendo, começavam a chegar as pessoas, uma a uma, com uma rapidez impacientemente lenta, trazendo com elas alguns doces, espumantes, vinho do Porto e presentes.
Como tudo me parecia perfeito! Todos pareciam estar felizes, sentavam-se em redor da grande mesa da sala de jantar e o humilde bacalhau transformava-se milagrosamente no melhor jantar do mundo! No ar, sobrevoava um agradável e inconfundível cheiro a frutos secos. Ainda hoje, continuo a sentir esse aprazível aroma.
A noite demorava uma eternidade a passar. Recordo-me que eu, o meu irmão e os meus primos, esperávamos alegremente pela meia-noite, altura em que supostamente o Menino Jesus, com a preciosa ajuda do Pai Natal, traria presentes para aqueles que menos travessuras tinham feito ao longo do ano. Nunca acreditei no Pai Natal e tinha consciência que o Menino há muito tinha crescido. Todavia, fingia acreditar. Talvez para aproveitar aquele momento mágico em toda a sua plenitude. Todos os anos acontecia religiosamente a mesma coisa: o grande relógio do corredor anunciava pomposamente as doze badaladas e, simultaneamente, alguém tocava a campainha da porta. Enquanto corríamos euforicamente para a porta da rua, alguém punha os presentes junto da árvore. Quando fecho os olhos ainda consigo ouvir os risos ao rasgar energicamente os papéis coloridos dos presentes que, como por encanto, tinham aparecido ali…

 Desperto do passado e abro os olhos para o presente.
Continuo a olhar pela janela e reparo que, embora a paisagem seja a mesma de há doze anos, hoje consigo ver coisas que nunca tinha visto antes. Vejo um cenário feliz, com figurantes felizes e protagonistas tristes. Vejo um velho deitado num banco de jardim, vejo um arrumador de carros ao fundo da rua e vejo uma criança suja a tentar vender pensos rápidos a quem passa. Durante o ano são meros figurantes que vivem à margem de uma sociedade egoísta. Porém, em Dezembro, toda a gente fica solidária e os quer ajudar, apesar de o velho continuar a dormir ao relento num desconfortável, mísero e desumano banco de jardim, do arrumador de carros continuar a tentar arranjar uns trocos para mais uma dose de heroína e da criança suja continuar a vender penso rápidos para não apanhar uma tareia de uns pais alcoólicos, quando chegar a "casa".
Deixei de acreditar no Natal, porque não passa de uma ilusão. A festa do nascimento de Cristo foi substituída pela festa da troca de presentes. Será que os pais ainda contam aos filhos a história de José, Maria e do Anjo que anunciou que esta daria à luz o filho de Deus? Será que sabem que o Menino nasceu numa cidade chamada Belém e que uma linda estrela guiou três reis até Ele? Provavelmente sabem, mas será que isso tem algum significado para eles? É então que neste conflito interior, decido fazer algo para dar algum significado ao meu Natal. Saio de casa apressadamente, sem um plano definido. Na rua há uma harmoniosa mistura de sons, cores, cheiros, tão característicos desta época.
Vou caminhando... caminhando... caminhando... até que encontro o velho do banco do jardim. Aproximo-me e digo-lhe "Bom dia!". Não me responde. Talvez por estar habituado a ser ignorado não sente a minha presença. Pergunto-lhe porque dorme naquele banco de jardim. Encolhe os ombros e não me responde. Olho-o nos olhos. Como são lindos! Olhos cor de mar... uma cor indefinida, assim como a sua idade. Quantas histórias, aventuras e desventuras deverão esconder as suas rugas? Pede-me para fechar os olhos e que imagine uma pequena aldeia escura, do interior, com casas de granito e ruas estreitas de terra batida. Lá tinha nascido um menino, numa família de origem humilde. Viviam, como quase todas as famílias daquela época, com grandes dificuldades e cedo o menino teve que abandonar a escola para ajudar os pais e os seus irmãos. No entanto, apesar das grandes dificuldades, afirma ter saudades desses tempos, principalmente da maneira como viviam o Natal, recordações que o tempo não conseguiu apagar-lhe da memória.
Apesar de ser oriundo de uma família modesta, neste dia nunca faltava um bom bacalhau que o merceeiro ia buscar com um mês de antecedência à cidade, uma variedade de hortaliças, que cultivavam no pequenos quintal e as rabanadas com bastante açúcar e canela. Ainda não havia o hábito de se fazer a árvore de Natal. Em vez dela, existia um pequeno presépio de figuras de barro já gastas pelo tempo. Quando soavam as doze badaladas no sino da igreja, todos os aldeões saíam de suas casas e iam à missa do galo, reunindo-se no fim no largo da igreja a cantar, a beber vinho fino e a comer doces. Ao raiar do dia, quando o menino e os seus irmão acordavam, encontravam dentro dos seus socos dois tostões e um chocolatinho pequenino embrulhado num reluzente papel de prata. "Pode parecer pouco", diz o velho, " Mas para o mim era o melhor do mundo!" Ficava todo o ano à espera do Natal... Certo dia, o menino cresceu, abandonou a pequena aldeia escura e foi para o litoral trabalhar numas minas de carvão. A partir daí nunca mais sentiu o Natal.
Fiquei comovida com a história do velho do banco do jardim. Olhei-o com admiração. A escola da vida fez dele um sábio e as suas rugas não são as marcas do tempo, mas sim do conhecimento. Pergunto-lhe pela família, diz-me que depois da morte da esposa, sentiu-se desamparado e solitário e saiu de casa sem avisar o filho. Nunca mais regressara. Vagueava, perdido pelas ruas, esperando que o frio abraço da morte o levasse para junto da mulher que amava.
Uma lágrima solitária percorre-lhe o rosto. Digo-lhe que se ainda não sentiu o abraço da morte é porque ainda tem alguém que precisa muito dele. Depois de muito insistir, consigo convencê-lo, finalmente, a procurar o filho.
Caminhamos com calma, pelas ruas agitadas, em direcção à casa do filho do velho do banco de jardim. Chegamos ao nosso destino. Toco à campainha e atende-me um homem alto, magro, moreno, com olhos cor de mar. Concluí que fosse o filho do velho que, ao ver o pai, ficou completamente paralisado e, num daqueles momentos inexplicáveis, dão um forte abraço. Não dizem nada. Palavras para quê se os gestos falam por si. Choram e riem como duas crianças. Minutos depois, chegam os netos e a nora, juntando-se ao abraço. Vou-me embora, retendo na memória uma das cenas mais lindas que jamais presenciei. Depois do vi, começo a acreditar na magia do Natal.
Faço o caminho de volta para casa com o espírito leve. Lembro-me então do arrumador de carros e das criança suja. Procuro por eles, mas não os encontro em lugar algum. No entanto, não fico triste, porque sinto que alguém os ajudou.
Volto para casa. Infelizmente, já não posso ir ajudar a minha avó a preparar os doces, mas vou prepará-los com a mesma emoção e alegria de quando era criança, pois voltei a acreditar no Natal e ele faz-me acreditar que todos os sonhos são possíveis. Basta acreditar neles.
Anoiteceu. A alegria espalha-se por toda a casa. Vou à janela, o céu está repleto de estrelas e, subitamente, uma destaca-se das outras, a sua beleza e o seu brilho são tão grandes que ofusca todas as outras. Olho para a estrela e vejo um mundo sem guerra, sem fome, sem injustiças e repleto de harmonia e felicidade... sinto aquela estrela a invadir-me a alma de paz e vejo que faz o mesmo com o mundo.

domingo, 18 de dezembro de 2016

Postais de Natal

Ontem fizemos postais de Natal. O Pedro colaborou com os pés, o David com as mãos e as bolinhas na árvore de natal...






quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Saudades do meu irmão

Há já bastante tempo (até mesmo antes de ser mãe) que algumas pessoas comentam comigo se deveriam ter, ou não o segundo filho. A única resposta que dou é que o casal deve seguir o que diz coração. Se é muito cansativo? Sim é, sem dúvida! Principalmente quando se tem dois com idades tão próximas e ainda tão dependentes dos pais para tudo. Vou ser honesta, há dias em que me transformo num ser estranho, muito resmungão e com pouca paciência... mas, ao mesmo tempo, sei que eles também me transformam numa pessoa melhor, mais altruísta e apenas com um sorriso fazem o cansaço desaparecer.
Voltando ao tema inicial, este post é dedicado a todas as pessoas que têm dúvidas sobre ter ou não ter o segundo filho, no entanto não vos vou dar a perspetiva como mãe, mas sim a minha experiência como filha.

Irmão; tenho saudades de brincar contigo, de treparmos às árvores do quintal, de arrancar as portas aos teus carrinhos e de cortares o cabelo às minhas barbies. Lembraste dos verões que passávamos na aldeia dos avós? De tomarmos banho, nas tardes quentes de agosto, no tanque que servia para armazenar água para os animais? Era a nossa piscina privada, o avô não achava muita piada à nossa brincadeira  mas só saíamos de lá quando os dedos ficassem bastante enrugados.

Sinto saudades das nossas brigas, dos ciúmes que tínhamos um do outro, saudades da tua voz, dos teus abraços, de irmos juntos para a escola, de te defender no intervalo...dos natais que passamos juntos, de esperarmos ansiosamente pela meia-noite e de irmos com o pai ao monte cortar um pinheiro e voltarmos de mãos vazias porque ficaramos com pena das árvores.

Saudades da primeira vez que fomos ao cinema, que andamos de bicicleta, de irmos de elétrico para a praia e de comermos batatas fritas caseiras vendidas por uma senhora vestida de branco, sentados no areal e enrolados numa toalha, porque as praias do norte são mesmo assim, frias. A propósito disso, nunca mais voltei a encontrar batatas com aquele sabor, nem o barulho do elétrico é o mesmo.
Saudades de irmos ao bosque apanhar grilos e flores na primavera, de lambermos a colher de pau sempre que a mãe fazia um bolo. Das férias e viagens que fizemos com os pais, da primeira vez que andamos de comboio e fomos ao Jardim Zoológico e mais tarde quando experimentamos o avião.

Tenho saudades da tua companhia, de sair contigo à noite, de chegarmos de madrugada a casa, de ir contigo à queima das fitas, a concertos e a festivais de verão. Até do teu casamento tenho saudades, e dos meus sobrinhos também; de passear com eles, de os levar ao parque e de os ver brincar com os meus filhos.

Tudo isto teria sido muito melhor se tivesse tido a oportunidade de partilhar a minha vida contigo, irmão. 

Respondi às dúvidas? 



Imagem retirada de https://www.flickr.com/photos/kaahalves/8750909742

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Boas notícias: O Segundo é mais fácil!

Resumidamente, O Segundo é mais fácil porque já sabemos o que nos espera. 

Tudo começa com o nascimento, já sabemos que o bebé não é tão frágil como aparenta e que podemos pegar nele ao colo, mudar a fralda, vestir, sem que se "desmonte". É mais fácil porque já sabemos que cada pessoa tem uma opinião muito própria sobre os cuidados a ter com um bebé; a começar  pelos enfermeiros que estão na maternidade, e a acabar nos desconhecidos que encontramos na rua e que nunca vimos mais gordos.

"Para que ele mame bem, posicione-o desta forma", depois muda o turno e vem outro enfermeiro com uma opinião diferente e assim sucessivamente. "Use a bomba elétrica", aconselham nas aulas de preparação, "Bomba elétrica, não! Bomba manual!" dizem no hospital.  "O bebé deve dormir de barriga para cima para evitar o síndrome da morte súbita."... "Se tivesses deitado o bebé de lado ele não teria ficado com plagiocefalia", "Não dês tanto colo.", "Se não tiverem colo agora quando vão ter?", "Dá água ao bebé", "O bebé não precisa de beber água"...  Ainda há quem diga que os melhores babygrows são os que têm as molas para a frente, outros preferem as molas para traz e outros sem molas! Há pediatras que aconselham a dar primeiro a sopa e outros a papa. E por falar em papas, "Dás cerelac? Engorda muito!"...

O Segundo também é mais fácil porque descomplicamos! Já sabemos que basta medir a temperatura da água do banho com o cotovelo, não é necessário gastar quase trinta euros num termómetro que vai avariar um mês depois. Sabemos que se o bebé não comer extamente três horas depois da última mamada, não vai ter hipoglicémica e que, às vezes, ele precisa de dormir um pouco mais.
Sabemos, sem dúvida alguma, que o leite materno é o melhor alimento, mas que se por acaso tal não se proporcionar, o bebé não irá ter problemas por beber leite artificial, nem somos menos mães, nem gostamos menos dos nossos filhos por isso. E então já não damos importância ao célebre comentário "Coitadinho, já não mama!", como se a mãe que não pode ou não quer (porque tem esse direito) dar de mamar, fosse irresponsável e negligente.

O Segundo é mais fácil porque sabemos que não é por ele vestir roupa interior e pijamas por passar a ferro que fica menos bonito, também não vemos problema algum em colocá-lo no chão para que gatinhe, mesmo que o chão não esteja muito limpo. Existirá por aí algum chão completamente imaculado?!

Sabemos que quem esteve do nosso lado na primeira vez vai continuar, e quem não esteve vai continuar a não estar, por isso já não há surpresas, nem desilusões.
Isto tudo para dizer que o que importa verdadeiramente é o amor que sentimos por eles e o tempo de qualidade que lhes dedicamos. Com O Segundo sabemos que na maioria das vezes o instinto materno tem razão, e que se conseguimos fazer um bom trabalho com O Primeiro, também nos sairemos bem com O Segundo. 

PS. Este pequeno texto foi escrito enquanto O Primeiro sujou duas fraldas, jantou, pintou as duas folhas de papel A3, a cara, as mãos e a toalha da mesa e tirou as bolas da árvore de Natal.
NÃO ME RESPONSABILIZO POR EVENTUAIS ERROS SINTÁTICOS. :) :) :) Sem paciência para rever o texto.



terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Em novembro... o tempo a passar, a mãe a fotografar



Já se senta
À espera de companhia



Tantas bolas para tirar

Sete meses, oito quilos, 72cm e cinco dentes

Chico

domingo, 4 de dezembro de 2016

O cheiro de dezembro

Dezembro cheira a açúcar e canela, bolo rei, rabanas, aletria e pão de ló. Cheira a ruas iluminadas, casas enfeitadas, luzes a piscar e bolas coloridas. Cheira a família, amigos e conhecidos e abraços apertados.

Dezembro cheira a sorrisos, a gargalhadas de crianças, a conversas pela madrugada, a saudade dos que partiram, dos que a vida separou. Cheira a alegria, a nostalgia, a solidariedade, a esperança, tolerância e a paz.

O cheiro de dezembro é especial; um frio que aquece o coração.

Dezembro cheira a Natal!

\