quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Sobre as férias..

A aventura de ir de férias com duas crianças tão pequenas começou antes de sair de casa, quando o senhor David foi à minha bolsa de maquiagem e resolveu experimentar tudo: protetor solar, base, batom e máscara de pestanas... em cima de uma coberta branca... resultado: atraso na partida,  limpar cara, mãos, pernas...e mudar a roupa que tinha guardado para o primeiro dia de férias, a combinar com o outfit do irmão... imaginava eu que iria tirar umas belas fotos...  Por fim lá fomos nós com o carro carregado de malas com roupa, malas com brinquedos, carrinho de passeio, uma mantinha porque o Pedro gosta de adormecer com ele e até o Mickey foi connosco! Claro que a meio da viagem tivemos que parar inesperadamente porque há alguém que consegue retirar o cinto de segurança da cadeirinha e enquanto a área de serviço mais próxima não aparecia, a mãe vai em PÂNICO na autoestrada.
Quem tem filhos pequenos sabe perfeitamente que as férias já não servem para descansar, mas para criar memórias.  O adormecer na praia foi substituído pela construção de castelos, ter grãos de areia na toalha também já não é problema, até porque há mais areia na toalha que espaço livre. Mas também há risos, abraços e beijos. Há pôr de sol a quatro e corridas atrás das gaivotas. A lancheira anda sempre atrás, assim como um interminável número de brinquedos. E o exercício físico que se faz? Senta, deita, levanta, corre atrás... pelo menos assim já não há peso na consciência a comer a bola de berlim. O David não queria sair da água (gelada, tenho que admitir) e o Pedro parecia um panado sempre que estava na praia.
Fomos de férias, e apesar de algumas birras e lutas de irmãos pelo meio, de terem vomitado dentro do carro e do pouco descanso foi muito bom. Sou uma apaixonada pela costa de prata, gosto de S. Martinho do Porto, Nazaré, S. Pedro de Moel e este ano experimentamos Paredes de Vitória. Adoro as estradas pelo meio do Pinhal de Leiria, encontrar algumas praias com pouca gente, o mar que cheira mesmo a mar, os restaurantes que servem boa comida e não a comida feita para turistas ingleses e alemães. Gosto da simpatia das pessoas e do seu sorriso fácil.
E dado os últimos acontecimentos (é impossível não pensar nisso) chegamos todos bem, com quilos de roupa para lavar, cansados, mas felizes. E é isso que iremos recordar.










quinta-feira, 10 de agosto de 2017

A Afurada

No meu primeiro dia de férias fomos a um sítio onde nunca tinha parado o carro. Passo muitas vezes na Afurada quando vou para a praia e já tinha parado o carro um pouco mais adiante para ir ao Marés Vivas, ou para ver a reserva natural, mas nunca tinha andado pelas ruas da Afurada. Impressionante como ainda existe uma povoação assim no meio de duas cidades. As ruas estreias, as casas sempre de porta aberta, as idosas sentadas a conversar e a ver quem passa, os miúdos a mergulhar no Douro. Os barcos dos pescadores (um chamava-se Pedro), a magnífica vista sobre o Porto, o rio e o mar. As ruas cheiravam a férias e a peixe grelhado. E as pessoas. Uma senhora ofereceu biscoitos ao David, e outra meteu conversa connosco e depois..."tenham cuidado com os meninos na praia","cuidado com a água, com o sol...".

Temos que lá voltar.

quarta-feira, 9 de agosto de 2017

O humor das mães

Acho que só agora comecei a entender o mau humor de algumas mães. Quando tinha uns sete ou oito anos morava na minha rua um rapaz que tinha uma mãe muito mal humorada, achava eu. Isto porque perto das sete e meia da tarde começava-se a ouvir a senhora a gritar pelo nome do filho. A rua inteira ouvia: "Ohhhh, Diioooogoooo!!!" vezes sem conta, como se esta mãe tivesse um megafone. Mas, não! Tudo se devia às suas impressionantes cordas vocais, que nada ficavam a dever a um qualquer vocalista de uma banda de heavy metal. Então, eu tinha pena do Diogo, porque a senhora parecia estar sempre zangada. Agora, sou solidária para com a mãe porque não há coisa que irrite mais alguém do que ser ignorado.
Provavelmente já repararam que muitas mães são ou estão frequentemente mau humoradas. É que por vezes é difícil manter a sanidade mental. Como é que alguém consegue estar bem disposto se passa o dia inteiro a arrumar as coisas que outros desarrumam?
Ou, então, porque um resolveu fazer uma espécie de greve de fome; não come a sopa que sempre comeu, nem o prato principal e volta a repetir a façanha ao jantar e o outro passa metade do dia a chorar, a resmungar, a rabujar, só porque sim, porque lhe apetece. Há dias em que as mesmas gavetas da roupa são arrumadas de hora a hora, porque é divertido atirar para o chão a roupa acabada e engomar (já dei por mim a ameaçar que da próxima vez vestem a roupa toda amarrotada, mas para eles é indiferente). Há dias em que um corre para um lado, o outro corre para o outro e tu não corres para lado algum, um cai e bate com a cabeça no chão, outro esfola o joelho. Um resolve comer a pasta dos dentes, outro acha que é melhor atacar o protetor solar, um brinca com X, mas o outro que estava a brincar com Y acha que X é melhor e "rouba-o" e depois um "puxa puxa" de ambas as partes que termina em choro e gritos.
Há dias em que é mesmo difícil manter a sanidade mental e o bom humor, porque trepar os móveis é fixe, lamber o telemóvel e a televisão também, espalhar os brinquedos TODOS pela casa vezes sem conta, pintar as paredes, pendurar-se nas cortinas e por fim decorar os azulejos da cozinha com nestum. Já para não falar da parte em que é divertido lamber o congelador e ficar com a língua lá colada, ou colocar os dedos nas tomadas, arrancar a parte detrás dos porta retratos (não percebi ainda esta paranoia, mas o que é certo é que não tenho um único porta-retratos que esteja intacto), provar a comida do gato e tirar os livros da estante várias vezes por dia.
 Ainda não cheguei a essa parte, mas imagino que muitos digam "outra vez isto para o jantar?", ou, "Ainda não lavaste a minha camisola azul?".
Uma coisa é certa, prometo que não me vou pôr à varanda a gritar pelo nome deles, até porque hoje, infelizmente, já ninguém brinca na rua.

Agora, sempre que virem uma mãe mal humorada em vez de criticar o seu estado de espírito, perguntem apenas se precisa de ajuda. 😀😀😀 Se pudesse recuar no tempo iria buscar o Diogo por uma orelha
Imagem retirada de: http://librosquehayqueleer-laky.blogspot.pt/2017/02/respira-rebecca-respira-barbara-alves.html