Enquanto me dirigia para o portão olhava para as salas vazias e cheias de silêncio. Naquelas salas eles partilharam histórias, as primeiras paixões, as zangas, as frustrações, mas também as gargalhadas, as preocupações, os sonhos e ensinam-me a crescer. Todos os anos aprendo sempre mais um bocadinho, mas em 2017/2018 aprendi um bocadinho maior. Os professores também aprendem e também crescem com os alunos, e apesar de lhes ter dito isto na última aula, acho que não têm noção da importância que tiveram (têm) no meu crescimento pessoal e profissional.
Durante meses construímos uma relação de proximidade, alguns falam mais e dão-se a conhecer mais, outros precisam de muita atenção, outros de um abraço ou um simples toque nas costas. Existem os que querem um conflito, e são esses quem mais precisa de compreensão, firmeza e muita paciência.
Todos os anos sinto um certo alívio quando o terceiro período acaba, mas também sinto um vazio... provavelmente nunca mais os irei ver, nem irei saber se estão bem ou não. Quero que tenham um bom futuro e que mais do que bons alunos, sejam boas pessoas. É nisto que penso quando escolho um poema, ou um texto para as aulas; uma música ou um exercício da tão odiada gramática; quando insisto que expressem a sua opinião e que digam o que realmente pensam e não o que eles acham que eu quero ouvir; quando ensaio uma peça de teatro ou organizo uma visita de estudo.
Se tive recompensa? Sem dúvida! O entusiasmo pela escrita patente nos textos que me entregaram, o despertar do gosto pelo teatro e consequentemente pela literatura... e por fim um " vamos ter saudades" são a melhor recompensa.
Até o final de agosto este vazio irá manter-se, depois, quem sabe, em setembro e com muita sorte do destino haja um regresso... há projetos por realizar.