Sem palavras

 Queridos David e Pedro;

Quem me conhece bem sabe que seria impossível para a mamã criar um blog com publicações exclusivamente em tons de rosa e azul bebé, ou com fotos catitas, roupas lindas, decorações de dignas de um catálogo... isto porque o mundo não é assim, e este fim de semana tivemos a prova disso. É claro que também é bom ver/ler sobre essas coisas, porque elas também fazem parte de nós, e ainda bem! No entanto, hoje não consigo. Como poderia eu estar a escrever sobre o nosso maravilhoso fim de semana num momento como este?  

Acredito que a maioria das pessoas esteja como eu: sem palavras. Pensamos que estas tragédias apenas acontecem  com os outros, mas ao acontecer assim tão perto, faz com que tenhamos a consciência de como somos frágeis. Pior, faz com que eu tenha a consciência que em determinadas situações uma mãe/pai não consegue mesmo proteger as suas crias. 

Ao ver aquelas tristes imagens lembro-me de risos que jamais se ouvirão, sonhos que se perderam, abraços que nunca se sentirão, memórias por construir, e vidas... por viver.

O meu coração está apertadinho, felizmente vocês dormem calmamente alheios a isto tudo. Quero voltar a ser criança, nem que seja por um bocadinho.

Granada, um lugar mágico

As férias estão cada vez mais próximas e por isso deixo aqui uma sugestão de uma viagem que não se enquadra muito nos roteiros turísticos vendidos pelas agências. Desde criança, desde "aquela" aula de história do 5º ano que sonhava conhecer Granada, o último reino muçulmano da Península Ibérica. 

Ficar vinte dias nesta cidade deu-me a oportunidade de a conhecer sem pressas e absorver a sua essência. Granada, essa cidade que durante séculos foi exemplo de uma convivência pacífica entre cristãos, muçulmanos e judeus, aliás a presença de estas três culturas tão distintas ainda é muito forte na cidade. 

Fui no mês de agosto, e quem decidir viajar nesta altura do ano terá que ir preparado para aguentar um calor tórrido que pode ultrapassar facilmente os 40ºC, por isso depois do almoço é realmente aconselhável uma "siesta".

Coragem, porque vale a pena enfrentar o calor para visitar...

Alhambra e Generalife, património da humanidade, um dos monumentos mais visitados de Espanha. Aconselho a sua visita com um guia, quer sejam apaixonados por História ou não. Aqui, não precisamos de uma máquina para viajar no tempo. Desde a Alhambra pode-se avistar o Albaicín, o bairro judeu, que merece também uma visita pelas suas ruas estreitas, pelas suas casas caiadas e porque dalí tem-se um vista priveligiada para a Alhambra.

Alhambra, foto tirada num miradouro que existe no Albaicín, ao fundo pode-se avistar também a Serra Nevada.

Uma pequena parte da Alhambra vista por dentro.

Alhambra (interior)

Generalife, residência de verão da realeza muçulmana.

Albaicín

Sacromonte é outro lugar a não perder onde podemos encontrar uma igreja/santuário com diversos tuneis subterrânios para desvandar (infelizmente não é permitido fotografar os túneis). Para chegar a Sacromente aconselho a apanhar um taxi e depois descer a encosta a pé, apreciando as casas cuevas e a bela paisagem sobre Granada. 

Sacromonte, exterior

Sacromonte, interior

Uma das muitas Cuevas de Baile (grutas de dança) existentes na região. Quem desejar pode assistir a um espectáculo de flamenco.

Vistas da Alhambra e da cidade de Granada através de Sacromonte

A inacabada Catedral foi um dos monumentos que me surpreendeu pelo seu interior luminoso. Atenção que à volta da catedral estão normalmente algumas mulheres a "oferecer" raminhos de alecrim a quem passa, na realidade são ciganas que usam esse truque para ler a mão e desta forma pedir dinheiro aos turistas, e acreditem que conseguem ser bastantes persistentes e inconvenientes. 

Catedral 

Quem gosta de umas boas tapas deve ir à Calle Navas e já agora acompanhadas por um refrescante tinto de verano (sumo de limão ou 7up, vinho tinto e gelo).

A Granada do poeta Garcia Llorca, merece também uma visita pelas suas ruas e praças, algumas assemelham-se às medinas do norte de África. Em Granada sente-se que se está em Espanha, pelas ruas coloridas, pela língua, pelo flamenco, pelos risos, pelos presuntos pendurados nos tetos das tabernas, pelo falar alto dos seus habitantes...Foi sem dúvida um dos lugares mais bonitos que visitei, com uma riqueza cultural e histórica enorme.
Será com certeza um lugar que irei visitar com os mais pequenos, quando crecerem um pouco, porque nem só de praia e espreguiçadeiras vive o Homem!