quarta-feira, 20 de setembro de 2017

Adeus, verão!

Adeus, Verão! Adeus, noites quentes de luar, conversas de esplanada sem hora para terminar.
Adeus, música das cigarras, sono embalado pelo ruído das ondas.
Adeus, fins de tarde à beira mar, pôr de sol a dois, a quatro, entre amigos.
Adeus, cheiro a protetor solar, pés na areia quente e na água fria do mar, corrida atrás das gaivotas, cesto de amoras acabadas de apanhar.
Adeus, sardinhas e pimentos assados, céu azul sem nuvens, castelos que se destroem com as ondas do mar.
Até para o ano!










sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Ele entrou e eu sorri

Há duas semanas que o David iniciou uma nova fase: o jardim de infância. Como só faz três anos em janeiro só nos restava a hipótese de um jardim privado (Quem me conhece sabe que sou uma defensora da escola pública, sem fundamentalismos, claro. Talvez um dia escreva sobre isto.). Até agora sempre que os pais iam trabalhar o David ficava aos cuidados dos avós, porque eles podiam e porque não existem melhores pessoas para cuidar dele. E passeou muito, foi ao parque, à praia, às compras, brincou no jardim e no quintal, ajudou o avô a apanhar as folhas do chão, apanhou frutos, comeu terra, brincou com os gatos, com o cão, com a tartaruga e até teve um grilo e um caracol de estimação (e dava-lhe beijinhos na carapaça). Em casa dos avós há uma tenda montada o ano inteiro, há guerra de almofadas e há mil e uma ferramentas para ele mexer na oficina do avô. Em casa dos avós há sobretudo muito amor e isso nem o colégio mais caro do mundo consegue igualar, foi por isso que até agora esteve lá. No entanto, não há outros meninos e meninas para brincar, só o Pedro, por isso, já estava na hora de iniciar uma nova fase. Felizmente a procura foi fácil, a diretora do infantário escolhido conquistou-me pela sinceridade, simplicidade, pela forma como falava dos "seus" meninos, e também porque entende que cada criança tem o seu ritmo de crescimento e por isso apesar de só fazer três anos em janeiro, não seria nada benéfico para o David estar na sala dos dois anos. Sendo assim, dia quatro lá fomos nós, e o David todo contente com a sua "mochila do micka". A educadora recebeu-nos, pediu-lhe um abraço que deu sem hesitar, não olhou para trás, não se despediu de mim. E eu sorri, porque sei que é o melhor para ele e por consequência o melhor para mim. Alguém me perguntou depois se eu tinha chorado. Chorar??!!! Porquê?! Fico é feliz por fazer novas amizades, novas brincadeiras... os filhos não são propriedade nossa. Agora, sempre que o vou buscar ele corre até mim e dá-me um abraço apertado, acho que não existe melhor resposta para a pergunta se está a gostar. Vejo-o cada vez mais feliz por ir para a "escoínha", fala cada vez mais e conseguimos que se deite mais cedo. Duas semanas e um balanço muito positivo!


domingo, 3 de setembro de 2017

O anjo da praia

Faz hoje dois anos que escrevi este texto, lembrou-me o Facebook. Em dois anos nada mudou...

Hoje vi uma foto tua que circula no facebook. O teu corpo sem vida está deitado no areal de uma praia qualquer do Mediterrâneo. Tão pequenino, tão indefeso, tão sem vida. Nesse momento o meu coração chorou. Queria entrar pela foto, queria tirar-te daquele sítio, pegar em ti a colo e abraçar-te, da mesma maneira que abraço um menino como tu. Mas é tarde de mais. Não sei nada sobre ti, não sei se viajavas sozinho ou com os teus papás, não sei a tua nacionalidade. Mas isso terá alguma importância? O que sei, o que vi; basta-me. Sei que és uma criança, que tens os teus sonhos e desejos como qualquer criança, e que não mereces terminar assim, sozinho no areal de uma praia qualquer.
O meu coração consegue imaginar o teu sofrimento e principalmente o teu medo. Sozinho, perdido num mar enorme, taciturno e frio. O meu coração acreditou, por breves momentos, que seria capaz de viajar no tempo e no espaço e trazer-te para o conforto do meu colo. O meu coração gelou porque descobriu que isso não seria possível. Então, o meu coração chorou porque o mundo nunca mais iria ver o teu olhar, ouvir as tuas gargalhadas e concretizar os teus sonhos. Tu que só querias viver feliz, como qualquer criança, viver em paz com os teus papás, jogar à bola, ir à escola e correr livremente.
O meu coração, que é mais dado à emoção, sabe que estás num lugar melhor, sabe que agora adormeces em paz e quentinho com o aconchego dos teus papás. O meu coração sabe que já não existe dor, nem medo, nem tristeza. O meu coração sabe que agora corres livremente pelo areal, feliz e sorridente. O meu coração sabe que agora és feliz como sempre devias ter sido.
E a minha Razão, tenta acreditar no meu coração.