quinta-feira, 12 de julho de 2018

A minha profissão é melhor que a tua!

Nas últimas semanas temos assistido a uma greve dos professores às avaliações, e sempre que há uma greve de professores, existem sempre aquelas vozes que criticam. "Então estes malandros, que não fazem nada o ano todo e que têm três meses, estão outra vez em greve?" 

Isto já começa a chatear um pouco... irritava-me no início quando me diziam que eu tinha três meses de férias, fora o Natal, a Páscoa e o Carnaval, que passava o dia com o rabo sentado numa cadeira, que o meu fim de semana tinha três dias, que ganhava mais que a maioria da população portuguesa, etc., etc., etc.... E lá me dava ao trabalho de explicar, que corrigia testes, trabalhos, textos em casa, que preparava aulas, fazia ações de formação, vigilância de exames, correção de exames, formação de turmas, entre tantas outras coisas... Depois passei apenas a responder: "Se é assim tão bom ser professor porque não tiras um curso de ensino?" E mantenho esta resposta até aos dias de hoje... Mas hoje apetece-me falar disto e apetece-me comentar esta capacidade das pessoas acharem que trabalham sempre mais que os outros e que esses outros passam a vida de papo para o ar.

Não considero que a minha profissão seja melhor que as outras, mas acho que é uma profissão importante, como são importantes os médicos e enfermeiros, os juizes, os polícias, os bombeiros, os jornalistas... com também o são os LIXEIROS!!!! Como seria caótico se não existissem! E por falar em limpeza, para mim, dentro de um hospital, por exemplo, é tão importante o cirurgião como a pessoa que limpa o bloco operatório. 

"Ah, até parece que salvas vidas!" Às vezes até acho que salvo, quando luto para que não desistam da escola, quando denuncio abusos e maus tratos, quando dou um abraço e principalmente quando encorajo os alunos a pensarem por eles próprios! 

Voltando à importância das profissões... E os administrativos, coitados, sempre tão desvalorizados, muitos deles  funcionários públicos, com fama de serem arrogantes e de não fazerem nada durante o dia... a confusão que seria se as repartições de finanças, a segurança social, ou as empresas estivessem vazias de administrativos.

E depois há os lojistas, caixas de supermercado, talhantes, peixeiros, agricultores, pescadores... porque motivo estes trabalhadores têm de ser desvalorizados por exemplo em relação a quem trabalha num hospital ou num tribunal? Como seria se também não existissem? 

E as profissões ligadas às artes, como escritores, pintores, atores, artistas de rua, músicos... como seria triste o mundo sem ARTE... até sem cabeleiros, estilistas e esteticistas!

Esta mania das pessoas se acharem superiores umas às outras irrita... e esta mania de... "tu não podes ter o que eu não tenho!", também.

Em vez de lutarem para terem também um horário de 35 horas, "lutam" para que quem o tem, passe a ter um de 40.  Lutam para que o patrão baixe o salário ao vizinho, em vez de lutarem para que o seu seja aumentado. 

Meus queridos David e Pedro, independentemente da profissão que escolherem, o importante é que sejam boas pessoas e que o trabalho que façam não seja um martírio, mas algo que vos faça felizes, mesmo que seja tratar da limpeza do bloco operatório! :)  

PS. Enquanto escrevia isto no telemóvel a professora Alexandra está a pintar o bar da escola e o professor Ricardo provavelmente estará a arranjar uma persiana partida, a trocar uma lâmpada fundida ou a arranjar o teto falso que caiu. Ninguém lhes paga horas extras... 

quarta-feira, 21 de março de 2018

Dia mundial da poesia

Subitamente apareceste.

Quando esperava pelos raios do sol,

Quando uma tumultuosa escuridão

Invadia o meu taciturno coração.


Apareceste

Quando procurava a luz da lua,

Quando caí no áspero chão,

Quando em meu redor imperava a solidão.


Apareceste

Sem cavalo branco,

Sem espada,

Sem nevoeiro.

E com um sorriso verdadeiro

Pintaste a lua no céu escuro,

Pelejaste com as nuvens que prendiam o sol,

E eu nunca mais me perdi na escuridão.



domingo, 14 de janeiro de 2018

Coisas que a minha memória de peixe não quer esquecer, parte 2

David, 3 anos!

Ontem celebraste mais um aniversário, o tempo está a correr demasiado e há coisas que não quero nunca esquecer.

Gostas muito de tangerina e laranja, de beber leite antes de dormir, de brincar com legos e de tirar os brinquedos ao teu irmão. Tens um livro com imagens de animais, perguntas inúmeras vezes como se chamam... contas bem até quinze e mais ou menos até vinte. Não és de muitas conversas, principalmente quando te querem obrigar a falar, mas tenho o privilégio de falares bastante comigo. Às vezes até dizes palavras fora do comum para a tua idade e aí o teu meu coração fica "inchado" de orgulho (mereço um desconto por esta atitude porque sou mãe, e as mães sentem estas coisas).
Gostas de ver a Patrulha Pata e os PJ Masks, a Masha e o Urso e a Dora. 
És muito meigo e os teus abraços são os melhores do mundo, mas massacras o teu irmão... Não precisas de ter ciúmes porque no coração da mamã cabem os dois. Na semana passada começaste a dar beijinhos, e são tão bons... 
Gostas de ir para a escolinha, nunca choraste, nem no primeiro dia. A educadora disse-me que gostaste mais de ver a Alice no País das Maravilhas, do que ir ao Circo. Eu entendo, também nunca achei muita piada ao circo, nem aos palhaços.
Gostas de "desenhar" nas paredes da sala (para meu desespero), de andar de escorrega no parque, de lutas imaginárias de espadas e de puzzles. 

Há três anos sabia que tudo tinha acabado de mudar e mudou: para muito melhor!!! 
Parabéns, que esse teu sorriso seja cada vez maior!