domingo, 21 de maio de 2017

Uma curta viagem no tempo

Esta euforia motivada pela vitória portuguesa no Festival da Eurovisão fez com que recordasse o tempo em que este acontecimento ainda tinha importância, ou pelo menos era o que eu, nascida na década de 80, pensava. Com três  anos delirava sempre que ouvia "Não sejas mau pra mim, ohoo, ohoo" e um pouco mais tarde cantava animadamente "Já fui ao Brasil" acompanhado de um "Peguei, trinquei, meti-te na cesta." Relembrar estas músicas trouxe-me à memória também a época dos dois canais, dos desenhos animados que passavam apenas à tarde e ao fim de semana de manhã. Ainda se lembram das Fábulas da floresta verde?, do Bocas e da Rua Sésamo? E quem não sente uma certa nostalgia quando ouve o Vitinho? Continuando na onda da programação televisiva, recordam-se do Caderno Diário, do Agora escolha, dos Jogos sem Fronteiras e do Duarte e companhia?
Tenho boas recordações dos anos 80, quando só existia o telefone fixo, poucos tinham computador ou telemóvel e quase ninguém sabia o que era a internet  e por isso mesmo as pessoas descansavam mais, porque ninguém lhes mandava emails de trabalho ao fim de semana, por exemplo.
Não tínhamos GPS, mas com o mapa chegávamos a todo o lado. Atravessávamos  a velhinha ponte D. Maria de comboio e pensávamos "será que é desta que vai cair"? Íamos de elétrico para a praia, já o metro do Porto não passava de uma eterna promessa... e o Peugeot 205 era o melhor carro do mundo, pelo menos para mim.
 Íamos ao Shopping Brasília (ainda existe?) apenas para andar de escadas rolantes....Os iogurtes eram de aromas, líquidos ou pedaços e chegava, um cornetto custava 50 escudos (0,25€!) e nos supermercados não encontrávamos metade dos produtos que hoje consumimos..
A minha memória de criança sente éramos felizes, apesar das diferenças para os dias de hoje. Não comíamos sementes, nem quinoa, nem sabíamos o que era a soja, mas raramente encontravámos uma criança com obsidade. Éramos mais livres, mais independentes, mais autónomos. Íamos sozinhos para a escola primária, brincávamos na rua e não estávamos dependentes das tecnologias para nos divertirmos. Dialogávamos, conversávamos, sem interferências. Tínhamos tempo para ser crianças.



domingo, 7 de maio de 2017

É mais fácil ser pai

No dia que hoje se comemora seria suposto que escolhesse outro título, mas hoje apetece-me falar sobre isto. Porquê que eu acho que ser pai é mais fácil? Porque de uma maneira geral a sociedade não espera muito dos pais, mas espera tudo e mais alguma coisa das mães! 
Tudo começa mesmo antes da criança nascer, ninguém fala do relógio biológico de um homem de trinta anos, já o de uma mulher está sempre a tocar! A um homem nunca que lhe irão perguntar numa entrevista de trabalho se pretende engravidar e nunca terá que esconder uma gravidez por medo de não lhe renovarem o contrato de trabalho, ou no caso de uma situação de desemprego, será que alguém emprega uma mulher grávida? 
De um pai espera-se que seja companheiro, amigo e autoritário quando tem de ser. De uma mãe espera-se que seja isto tudo, mas também cozinheira, professora, educadora, enfermeira, engomadora, empregada de limpeza... com isto não quero dizer que não hajam pais que também não dividam com as mães estas tarefas todas, felizmente isso já mudou. Mas ninguém lhes exige isso. Se um estranho entrar na casa de uma família e estiver tudo desarrumado, o jantar por fazer, a roupa por lavar, ninguém vai pensar que o homem não fez, mas sim que a mulher não fez! 
Toda a gente acha lindo um pai a mudar fraldas, a dar banho, a levar os filhos ao parque, a cozinhar (eu também acho), mas as mães sempre fizeram isso e nunca ninguém achou lindo! 
Quantas vezes não observamos em restaurantes, por exemplo, o senhor pai a desfrutar descansadamente da sua refeição e a senhora mãe  a tratar do(s) filho(s). Todos achamos isto normal, mas e se for ao contrário? Há pais (conheço um caso) que não conseguem mudar uma fralda se esta tiver cocó, e se fosse uma mãe? Já para não falar de todas as mudanças corporais e hormonais que ocorrem durante a gravidez e no pós parto também, porque nem toda a gente tem a sorte de ser abençoada por uma boa genética.
Um pai que precise que mudar de cidade ou país devido ao seu trabalho é visto como alguém que luta para a família ter uma vida melhor, uma mãe é acusada muitas vezes de colocar o trabalho à frente dos filhos. 
Neste Dia da Mãe, quero só dizer a todas as mães que não têm a sorte de viver num mundo cor de rosa como muitos blogs pintam, que não têm a sorte de ter uma empregada doméstica todos os dias, ou dia nenhum, que não têm a sorte de partilhar "o trabalho" com os pais e que por isso mesmo  gostariam de passar mais tempo a brincar com os filhos e também gostariam de ter tempo para elas próprias (porque é fácil ter tempo quando temos mil e uma ajudas!), quero dizer a essas mães que cozinhar, limpar, engomar, limpar o vomitado e o cocó, obrigar a fazer os TPC, ralhar, castigar também são atos de Amor, pouco valorizados certamente, mas são! 
E já que estou numa fase de recados, deixo um recado para os filhos mais velhos: por favor não ofereçam robots de cozinhas, máquinas de café ou microondas à vossa mãe. Ontem vi num spot publicitário "Ofereça este mangífico microondas à sua mãe! Ela merece!" Por favor!!! É esta a importância que dão ao papel de mãe?! Tenho a certeza que a vossa mâe ficará muito mais feliz com um grande abraço e beijinho, que lhe levem o pequeno almoço à cama e que lhe digam o quanto vocês gostam dela. E já agora, fica mais barato! 



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