sábado, 26 de janeiro de 2019

Coração nas mãos

A tristeza pela morte de uma criança deve ser o sentimento mais universal que existe. Deixa-nos sempre com o coração destroçado, mesmo quando não a conhecemos. Queremos abraçar os pais e gostariamos de dizer que o tempo "cura tudo", mas a verdade é que não cura. Neste caso não. 
Faz-nos pensar que não conseguimos controlar tudo, que não somos omnipresentes e que na verdade somos muito pequeninos. 


Os pais andam sempre com o coração nas mãos. Primeiro, a certificar que estão a respirar enquanto dormem (certamente não terei sido a única mãe a acordar o bebé enquanto dormia porque não ouvia a sua respiração), depois, quando se engasgam, quando começam a andar e a cair, quando correm demasiado, quando escorregam, quando ficam doentes, quando aparecem manchas no corpo, quando vamos na estrada... são tantas, tantas, tantas coisas...  às vezes preferia desligar o cérebro um bocadinho que fosse. 


O que aconteceu com o menino Julen faz-me pensar ainda mais nestas coisas. Por muito atentos que sejamos basta uma pequena distração para o mundo desabar... e ficam sonhos por cumprir... memórias que nunca acontecerão... abraços e beijos por dar... histórias por contar... risos por ouvir... fica o silêncio. 

Imagem retirada de: https://noticias.bol.uol.com.br/ultimas-noticias/ciencia/2017/03/08/e-possivel-morrer-de-coracao-partido.htm 

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